No último sábado, dia 06/08, ocorreu no Clube de Regatas Vasco da Gama, o II Encontro de Futebol Feminino do Rio de Janeiro.
O encontro visava debater e expor os pontos do relatório que foi gerado a partir do primeiro encontro, realizado no dia 26/03, também pelo Vasco da Gama.
Vamos a alguns destes pontos abordados.
Desde a década de 90, quando o Vasco começou o trabalho com futebol feminino, se mostraram os primeiros problemas da modalidade: A falta de equipes de base.
Esse é um dos problemas que assola a modalidade até hoje. Clubes montam equipes profissionais e esquecem as categorias menores.
Sem categorias de base não há renovação e mesmo que se mantenha uma equipe profissional, dentro de um período de 5 anos, cerca de 50% da equipe apresentará algum tipo de problema físico/contusão.
Essa falta de renovação se deve a uma filosofia que é utilizada até hoje por muitos clubes: A busca de talentos prontos, quando na verdade deveriam formar talentos.
Uma das intenções do relatório que será encaminhado ao Ministério dos Esportes, bem como às federações e confederação brasileira (CBF) é a regulamentação de uma lei que incentive de forma fiscal/financeira o clube que tiver equipes de futebol feminino. Os clubes deveriam ter uma equipe feminina de futebol para cada equipe masculina de futebol de base e também profissional.
Foi questionada também a forma de convocação de atletas para a Seleção Brasileira. Em muitos casos a CBF entra em contato direto com a atleta, sem contatar o clube ao qual esta está prestando serviços. Essa atitude dificulta o crescimento da modalidade, pois é uma força completamente diferente quando o presidente do clube recebe o ofício da Confederação e estando informado pode declarar em eventos ou em uma coletiva de imprensa que teve uma atleta convocada. Isso vale também para os patrocinadores, e consequentemente a modalidade sai ganhando!
Quanto às convocações, a deficiência/falta de organização/criação de campeonatos estaduais resulta em uma dificuldade de visão do nível das atletas por parte da CBF e dos técnicos das seleções femininas (principal e de base). Logo sabe-se que com esse problema não se pode afirmar que as melhores atletas são convocadas.
Pensando nisto, outra proposta do relatório é a elaboração de um calendário anual de competições. Isso facilitaria a organização das competições por parte das federações estaduais, não ocorrendo um conflito de datas e também a necessidade de clubes cederem atletas à CBF nos momentos decisivos das competições de cada estado.
No Rio de Janeiro, a intenção é normatizar e organizar o calendário de competições de todas as modalidades futebol feminino, logo pretende-se reunir a federação de futsal, society, areia e campo para que todos tenham tabelas em datas pré definidas, evitando também problemas com atletas disputando mais de uma modalidade no mesmo período e diminuindo assim a sobrecarga sobre as atletas.
Dentre outros pontos, foi informada por conselheiros do Clube de Regatas Vasco da Gama que estará sendo criada pela presidente Dilma, nos próximos dias, a Secretaria de Futebol Feminino que deverá ser comandada pelo secretário Alcindo Reis. Esta será mais uma vitória para a modalidade.
Outra questão muito comentada e questionada: Buscar ou não buscar a profissionalização da modalidade?
Essa resposta é um pouco complexa. Para a modalidade e para os profissionais e atletas será ótimo, mas para os clubes gerarão mais encargos trabalhistas, taxas federativas e afins. Para que os clubes queiram e possam arcar com estas despesas primeiramente é necessária uma organização.
E agora, organizar-se primeiro e depois profissionalizar-se ou deve ser feito o contrário?
O mais correto é afirmar que o primeiro passo deve ser a organização. Esta organização irá gerar o interesse e investimento por parte de empresas/patrocinadores e os clubes irão ver a necessidade de ser cada dia mais profissionais no que diz respeito ao futebol feminino. Será uma reação em cadeia!
Outro assunto abordado foi a possibilidade de criar uma piso salarial para a modalidade, o que evitaria o problema de endividamento, que é algo comum no futebol masculino.
O encontro foi muito produtivo e contou com representantes de diversos estados e clubes do Brasil. Em breve o relatório corrigido será disponibilizado para visualização. O recolhimento de assinaturas também deve ocorrer para reforçar o documento que irá ser entregue à CBF, ao Ministério dos Esportes e à presidente Dilma.
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