domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vasco x Kindermann-SC: O duelo das facilitadoras


Facilitador: aquele que simplifica ou torna fácil; dinamizador. O adjetivo citado pode ser aplicado sem ressalvas para duas das maiores promessas do futebol feminino brasileiro: Ana Clara Valle e Djenifer Becker. Uma joga no Vasco da Gama, outra no Kindermann. O que eles têm em comum? Talento, liderança e passagens pela Seleção Brasileira.

Juntas, Ana Clara e Djeni conquistaram o Sul-Americano sub-17 e participaram da última Copa do Mundo da categoria com a camisa da Seleção Brasileira. O desejo de ajudar o grupo e a polivalência são virtudes que ambas carregam consigo. Edvaldor Erlacher, antigo treinador da Seleção sub-17 e do Kindermann, é só elogios para as jovens promessas:

- A Djeni é uma revelação das mais felizes dos últimos anos. É uma menina que joga em qualquer equipe do mundo. Ela joga muita bola na posição em que atua. Já a Ana Clara é uma atleta concentrada, inteligente e dotada de um potencial incrível - declarou com exclusividade.

Djeni: A facilitadora do Kindermann-SC


Foi Edvaldo, inclusive, que descobriu e enxergou potencial em Djeni. Natural de Joaçaba, cidade do interior de Santa Catarina, a jovem de 17 anos teve que deixar a família muito cedo para defender as cores do Kindermann:

- Eu sempre joguei jogos municipais e jogos pelo colégio na minha cidade. Num desses campeonatos conheci o meu ex-técnico Edvaldo. Ele me viu jogando e me chamou para morar em Caçador.  As maiores dificuldades que enfrentei acredito que seja igual a de muitas outras jogadoras. Tive que abrir mão de algumas coisas da vida pessoal. A distância da família também foi algo que me fez muita falta, pois os meus familiares são o meu alicerce. Sempre que puderam eles estiveram comigo me apoiando. Meu pai é apaixonado por futebol, assim como eu - conta a talentosa meio-campo do Kindermann.

Não foi só por conta desse amor pelo futebol que Djeni escolheu tentar a sorte no esporte. O fato de não ser muito alta também contribuiu para que ela nem cogitasse tentar a sorte no vôlei ou no basquete, esportes onde a modalidade feminina é bastante divulgada:

- Minha altura não permitiu que eu jogasse vôlei (risos). Mas não faria mesmo que permitisse. Acho que nasci com isso (paixão pelo futebol). Desde criança só vivia querendo jogar bola. Hoje em dia não é diferente. Futebol é minha paixão - disse.

A paixão pelo esporte e a dedicação nos treinamentos fizeram Djeni alcançar a Seleção Brasileira. Orgulhosa, a catarinense lembra que lutou muito para vestir a camisa amarelinha:

- Seleção Brasileira é o sonho de todo atleta. Você poder representar seu país não tem preço, mas para chegar lá o caminho é árduo. É preciso muito treino e muita dedicação. Você tem que estar disposta a ir até o fim. Coloquei isso como meta para minha vida e a partir do primeiro momento que fui convocada coloquei na minha cabeça que lá eu tinha que permanecer. O problema é que muita gente pensa só na convocação em estar lá, em disputar um Mundial, um Sul Americano, mas o principal objetivo, e o que teria que estar na cabeça de todas, é que não basta participar desses campeonatos e sim alcançar o topo que é o título - afirmou.

São justamente títulos que Djenifer que conquistar no decorrer da sua carreira. A meio-campista também sonha em participar das próximas Olimpíadas:

- Meus planos para o futuro são títulos e mais títulos, afinal atleta depende disso. Se eu estou em algum campeonato eu entro para ganhar, não importa quem esteja do outro lado. Na minha vida vai ser sempre assim. Pretendo buscar o maior número de títulos pelo clube. Vou trabalhar para ter mais uma chance na Seleção e quem sabe defender o meu país nas Olimpíadas - declarou.

Ana Clara: A facilitadora do Vasco da Gama


O início de carreira de Ana Clara também não foi dos mais fáceis. Assim como a companheira, a revelação só vestiu a camisa de um único clube na vida: o Vasco. Em 2010, ano no qual chegou ao cruzmaltino, Aninha teve que superar uma série de lesões e superar a resistência dos familiares, que só a liberam para os treinamentos após pedido de seu primeiro treinador.

A trajetória vitoriosa dentro do Gigante da Colina fez Ana Clara se emocionar após atuar pela primeira vez dentro do Estádio de São Januário. O primeiro toque na bola no gramado do Caldeirão aconteceu no último sábado (16/02) contra o Intercap-TO:

- Foram mais de dois anos de espera para que isso acontecesse e, enfim, consegui. Há muito tempo eu não ficava nervosa com uma partida de futebol, normalmente entro bem calma, mas jogar em São Januário era uma alegria e uma conquista tão grande que não pude conter meu emocional. Mesmo assim, fiz um bom jogo - afirmou Ana Clara.

A camisa 7 vascaína  também analisou seu desempenho em suas duas primeiras partidas pelo time principal. A polivalente jogadora acredita que tem evoluído a cada minuto em campo:

- Mesmo tendo disputado somente dois jogos como profissional, me sinto bem confiante. Não deixei nenhum erro me atrapalhar e cada minuto de partida está sendo um grande aprendizado para mim. Espero estar passando para minhas companheiras de equipe segurança e calma lá atrás - disse.

Aninha falou ainda sobre o confronto contra o Kindermann. A capitã da equipe sub-17 campeã do mundo em 2012 acredita que São Januário será palco de uma guerra:

- Não esperem um jogo, esperem uma guerra. Tenho certeza que ambos os times irão dar a alma dentro das quatro linhas. Não vai ser fácil - previu Aninha.

Promessas trocam elogios



Campeãs Sul-Americanas com a Seleção Brasileira sub-17, Ana Clara e Djenifer ficaram muito próximas durante o período em que precisaram ficar concentradas. Vale lembrar que ambas também conviveram muito durante a Copa do Mundo da categoria, também realizada no ano de 2012.

Ao ser perguntada sobre a adversária do próximo sábado (23), a vascaína não pensou duas vezes e rasgou elogios para a antiga companheira de Seleção:

- Djeni é uma jogadora excepcional, de conduta exemplar dentro e fora de campo. Não sei se ela sabe, mas aprendi muito com ela também ao longo do tempo em que passamos. É uma jogadora calma, técnica e com uma força de vontade fora do comum - afirmou a vascaína.

A craque do time de Caçador retribuiu os elogios e destacou o poder de liderança que possui a promessa cruzmaltina:

- Ana Clara foi uma grande parceira para mim não só no Mundial, mas principalmente lá. É uma garota com que possui um espírito muito bom, uma garota que quer chegar ao topo. Ela tem um grande espírito de liderança e é uma jogadora que não usa só os pés, mas também a cabeça. Isso é muito importante para uma atleta. Ela tem metas, ela busca profundamente o que quer e eu admiro muito pessoas assim. Foi um prazer ter jogado ao lado dela  - disse a promessa do Kindermann, que previu um jogo complicado em São Januário:

- Tenho a certeza que será um grande jogo, um jogo muito disputado e com duas grandes equipes. Conheço apenas algumas atletas do Vasco que jogaram comigo e é muito bom saber que o jogo será em São Januário. O futebol feminino merece isso também, merece poder desfrutar de um excelente gramado e um excelente estádio. Isso tudo engrandece a partida - declarou Djenifer.


Escrito por Carlos Gregório Júnior no dia 22/02/2013.

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